segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Carta aberta ao Papai Noel

Querido papai Noel,

Meu nome é Lena, e apesar de eu não te escrever há uns 20 anos, acho que vai se lembrar de mim, já que você não esquece de ninguém.
Resolvi escrever essa carta porque cheguei a algumas conclusões. Quando eu era criança, eu fazia besteira, coisa errada, batia na Laura, mentia pros meus pais e na escola. Escrevia cartinha pra você, e ganhava presente (o que considero bem fofo, por sinal). Aí o tempo foi passando, e eu fui crescendo e fazendo menos coisa errada. Em compensação, fui ganhando menos presente.

Ou seja, quanto mais o tempo passa, mais eu me torno uma pessoa melhor, e menos presente eu ganho. Meio injusto, não acha?

Esse ano eu trabalhei muito. Cada ano que passa eu trabalho mais. Também não briguei mais com a minha irmã (tudo bem que ela foi morar longe). Também não desobedeci meus pais (tudo bem que eu saí de casa, mas vale).Não fiz mal a ninguém, apesar de ter tomado boas rasteiras pelo caminho. Nunca fui de revidar, e olha que muita gente mereceu.
Se fiz alguém sofrer, não foi de propósito. E você não imagina como me faz mal pensar que posso ter magoado alguém. Mas eu me magoei também. E chorei um pouco. Na verdade eu sempre fui meio chorona. Algumas vezes por motivos sérios, outras por motivos banais. Chorei engarrafada, chorei de raiva, chorei vendo filme e até comercial. Chorei de frustração, chorei de saudade de quem já foi, chorei de alegria. Acho que eu merecia um presente só pelo quanto que eu chorei, independente se eu tinha razão ou não.

Mas também, eu ri muito. Ri de mim, ri dos outros, ri das mesmas piadas eternas dos meus amigos, ri de ficar sem ar e me debater na mesa do trabalho. Também fingi muitas vezes que tava rindo só pra não deixar o outro sem graça (sou legal, vai). Outra coisa que eu fiz também foi tentar fazer os outros rirem. Eu sei que sou meio metida a engraçada, mas acho que só de fazer alguém rir eu merecia um presentinho, vai?

Eu tentei cuidar mais de mim, até morena fiquei, te juro que tô tentando fazer tudo certo. Tô tentando ajudar quem eu posso também, pode perguntar pra Deus que ele vai te falar que
eu fui uma boa pessoa esse ano. Não só esse ano, eu sempre fui. Mas de verdade, acho que estou melhorando.

Tudo bem que estou bem menos paciente, mas isso não é motivo pra eu ficar sem presente, concorda? Inclusive, posso te mandar uma lista de quem você não pode dar presente, porque sei que vai ter gente te escrevendo se fazendo de bonzinho, mas fica ligado que é kao.
Papai Noel, quase esqueci! Eu adotei um cachorro! Agora sou mãe de uma vira-lata, e acho que nós duas merecemos um presente. Se tiver difícil, pode ser só o dela, já que agora tenho espírito maternal aflorado.

E como já tem 20 anos que eu não te escrevo, acho que não custa você me dar um presente esse ano... Eu preciso de tanta coisa, que a lista vai em anexo. Se bem que acho mais fácil me dar em dinheiro que eu escolho, pode ser? Pode colocar o dinheiro num envelope mesmo, vovó Manu tem vários e pode te emprestar um!

Então é isso, Papai Noel. Feliz Natal. Saudade.
Ah! Você tem whatsapp? Acho que vai ser mais fácil de falar se você tiver alguma dúvida. Me chama lá, vamos nos falar mais!

PS: calço 34 e meu tamanho é P. Tudo igual, desde a última carta que te escrevi (aqui entraria a carinha bolada com a boca torta do whatsapp)

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Cozinha fail - morando sozinha

Nota inicial: esse pode ser um post non-sense, mas quem mora sozinho e sofre na cozinha vai se identificar.

Toda determinada e saudável, resolvi fazer meu primeiro bolo. Nunca fui prendada na cozinha ou gostei de cozinhar, mas morando sozinha resolvi tentar fazer algumas coisas. Peguei a receita no instagram de um bolo de cenoura fitness, super facil! So levava clara de ovo, cenoura, whey e umas coisinhas mais.

Comprei os ingredientes, e quando fui fazer lembrei que não tinha batedeira. Nada que o Google não resolva:
"como fazer clara em neve no liquidificador" - resposta: não funciona
"como fazer clara em neve no triturador" - resposta: zilhoes de sites para comprar triturador
"como fazer clara em neve na mão" - resposta: em um tigela funda, use 2 garfos e bata em movimentos circulares.

Ai você quebra os 8 ovos e vê que não tem tigela em casa, só prato raso. Comecei batendo numa vasilha de plastico, mas senti que não tava dando. Peguei o enfeite da mesa, que era tipo uma cumbuca de cristal, mas as claras não cabiam. A solução foi pegar uma bacia verde de plastico, daquelas de limpeza mesmo que quando a Bebê Laurinha (minha cachorra) tava aqui ela tomava água (mas eu lavei antes). Depois de uns 25 min com a mão dormente ligo pra minha mãe pra saber por que não estava funcionando, e ouço a seguinte resposta: "ih filha, se não virou agora não vira mais. passou do ponto". Tenho um ataque, choro dizendo que não vou jogar fora 8 claras de ovo, que não era possível, meu braço tava doendo, tinha ido comprar tudo pra fazer o maldito bolo, que não vai ter copa nem eleição, aí em meio aos lamentos eu lembro que estou falando com a minha mãe. 

Pronto. Começa o discurso: "filha, você não pode ser assim. É errando que se aprende, agora você aprendeu. Não faça disso um sofrimento, e sim um aprendizado. Assim é a vida, não é a primeira e nem a última vez que você vai errar. O mundo tem coisas muito serias pra você chorar por causa de um bolo que não deu certo..." e aquelas coisas que minha mãe gosta de dizer quando eu tenho um ataque por coisas que para ela são banais, tipo um bolo que não deu certo. (nota mental: lembrar de escrever um post sobre as oratórias da minha mãe sobre as minhas questões profundas como cabelo).

Revoltada em jogar fora 8 claras de ovo, peguei a bacia verde de plástico - que outrora eu fizera de fruteira (mas eu lavei antes) - e separei a espuma do ovo que ainda era água, e deduzi que devia ser umas quatro claras. Resolvi então continuar a receita cortando tudo pela metade. Na falta do Whey de baunilha, coloquei o de chocolate. O óleo de coco estava sólido, dai tive que ficar esquentando no fogão pra ele ficar liquido e eu colocar as duas colheres. Ai na receita falava: duas colheres do óleo, duas de adoçante e uma de fermento. Fui fazendo tudo com colher de sopa. Ai lembrei que quando era criança o fermento era sempre pouquinho. E lá vou eu tirando o fermento do meio dos outros ingredientes que eu já tava misturando na bacia verde de plástico que eu tinha vomitado semana passada quando passei mal (mas eu lavei antes).

Na falta da batedeira, segui o conselho da minha amiga Beta e fui bater na mão. Então era eu sentada vendo a novela batendo um monte de ingrediente na tal bacia verde de plastico que certa vez também já guardou os panos e material de limpeza da casa (mas eu lavei antes). Coloquei na única assadeira que eu tinha em casa, onde a massa do bolo era tao pouquinha que fez uma camada fininha de "bolo" que não dava nem 1 cm de altura. Mas como tinha fermento e ia crescer, fique feliz.

Resultado: bolo com 1,5 cm de altura bem doce de adoçante, com um pouco de gosto de fermento mas totalmente comestível + ombro e biceps direito maiores que o esquerdo + obrigação dos amigos do trabalho em comer meu primeiro bolo - alguns amigos no trabalho. Fim

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Subindo com estranhos no elevador - a missão

Meus pais sempre me ensinaram: "quando for subir no elevador e tiver alguém vindo, espera a pessoa. Seja educada". Ok, sou obediente. Mas eles nunca me ensinaram o quão constrangedor é subir no elevador com um estranho.

Hoje estava chegando em casa e entrou um cara logo depois de mim. "Boa noite" um, "boa noite" o outro. Silêncio. 

Aí comecei a pensar sobre isso, porque eu estava fissurada e fixada olhando para o branco do chão, e ele idem olhando pro próprio pé.  Já é uma situação chata porque uma coisa que era pra levar uns 15 segundos acaba levando três minutos, porque o tempo não passa quando se está no elevador com um estranho. Quando eu era criança e adolescente, esse era o momento da crise de riso. Às vezes ainda dá, dependendo do amigo que está comigo no elevador, mas agora sou muito madura e já sei que nessa hora você finge que lembrou de uma historia hilária e se dá ao direito de rir, afinal, tem um bom motivo.

Você fica olhando fixo pro chão. Mas como já está no elevador esperando chegar no 11o andar há uns quatro minutos, começa a dar cãibra no pescoço, e você vai olhando em volta com muito cuidado pro estranho não achar que você tá olhando pra ele. Aí você começa a suar porque sabe que não pode olhar pro estranho de jeito nenhum e isso dá um pânico. Aí quando menos espera o seu globo ocular vai automaticamente direto pro olho do estranho. Se ele não tá te olhando, ufa. Você volta pro chão e segue vivendo, respirando e tal. Mas se ele estiver te olhando, mermão fudeu. Já acha logo que ele é maluco e vai te matar e jogar seu corpo no poço. Afinal, véi, por que esse estranho tá me olhando??? Ele não sabe as regras do elevador? Não se olha pro estranho!

Aí vê que ele ficou sem graça e você fica mais ainda porque olhou e constrangeu o estranho. E pior que nem era um flerte, porque isso é com todas as idades e sexos. Na verdade se for um velhinho fofo é só dar um sorriso e ficar em paz, mas na maioria das vezes é uma das situações mais constrangedoras da vida, e o elevador só de sacanagem demora mais uns oito minutos pra chegar no 11o andar. Se for adolescente, já fica pensando "saporra desse lek vai me zoar".

De vez em quando, nessa situação, eu dou um suspiro profundo do tipo "caramba, to muito cansada depois de um dia de trabalho e tenho que fazer um monte de coisas minha vida é muito dura amanhã acordo cedo cê vai votar em quem e talz", que no fundo eu não sei porque eu dou esse suspiro, já que eu não vou falar nada e nem a outra pessoa vai me perguntar. E se perguntasse na vida real, eu provavelmente só responderia "aham".

Aí você chega no andar, dá boa noite de novo, sai calma e discretamente tipo 'corra como nunca, salvem suas vidas', dá aquela caída básica do saltinho assim que a porta abre, cheia de bolsa, mochila e sacola do mundial. 

Sinceramente, a vida é muito difícil.